RIO DE JANEIRO– RIO DE JANEIRO (AP) – Um tribunal do estado do Rio de Janeiro absolveu o último dos réus acusados de responsabilidade por um incêndio em 2019 que eclodiu nos dormitórios de uma academia do popular clube de futebol profissional brasileiro Flamengo, matando 10 jovens jogadores.
Eles foram acusados de causar o incêndio por negligência e os promotores buscaram sua condenação em maio. No entanto, a decisão de terça-feira afirmava que não havia provas suficientes para provar que os arguidos contribuíram diretamente para o incêndio. A decisão pode ser apelada.
“A responsabilidade criminal não pode ser imposta a uma pessoa apenas com base no cargo que ocupa, sem provas concretas de ato ou omissão definitiva que levou ao resultado”, segundo nota do Tribunal de Justiça do Estado do Rio publicada nesta quarta-feira.
Onze pessoas foram inicialmente acusadas em 2021, mas as acusações permaneceram contra apenas sete pessoas que foram absolvidas. As acusações contra os outros quatro foram rejeitadas nas fases anteriores.
A responsabilidade criminal de Eduardo Carvalho Bandeira de Mello, então presidente do clube, foi eliminada devido ao decurso do prazo de prescrição.
O incêndio no clube, possivelmente o clube mais popular do Brasil e um dos mais conhecidos da América Latina, gerou indignação generalizada na época.
Os bombeiros foram chamados ao vasto campo de treinamento Ninho de Urubu, na Zona Oeste do Rio, pouco depois das 5h.
Assim como muitos clubes profissionais, o Flamengo possui um programa de desenvolvimento de jovens jogadores promissores. Muitos, principalmente aqueles que moram fora do Rio, permanecem nas instalações durante os treinos.
O sonho de muitos jovens no Brasil, que já conquistou cinco títulos de Copas do Mundo, é chegar às ligas profissionais. As academias identificam jogadores talentosos desde cedo, trabalham com eles à medida que crescem, e os melhores eventualmente jogam no Flamengo ou em outros times do Brasil.
Poucas horas depois do incêndio, o presidente do clube classificou-a como a “pior tragédia” da história do time.
Mas quando o incêndio começou, surgiram rapidamente questões sobre a segurança das estruturas semelhantes a contentores onde dormiam 26 jogadores.
Por pelo menos quatro anos antes do incêndio, o clube desrespeitou os regulamentos da cidade e do código em suas instalações de treino, incorreu em inúmeras multas e foi alvo de uma ação movida por promotores estaduais, uma revisão de documentos da cidade pela Associated Press e uma ação judicial encontrada na época sobre o tratamento de jogadores da academia e seus alojamentos.
A absolvição dos réus irritou algumas pessoas nas redes sociais. Uma conta no X chamada Dona Lúcia, com mais de 90 mil seguidores, dizia: “Justiça é o mínimo que temos no Brasil”.
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