CIDADE DO MÉXICO — A poderosa águia da bandeira mexicana, pousada em um cacto e engolindo uma cobra, aponta para a lenda por trás da fundação da capital do país.
Este é um sinal divino numa lenda antiga; Assim, o deus Huitzilopochtli pediu a um grupo chamado México, que fundou o país mais tarde conhecido como Império Asteca, que deixasse sua terra natal em busca de um lugar para fundar uma nova cidade.
Demorou aproximadamente 175 anos para realizar o sinal sagrado e fundar a cidade de Tenochtitlan em 1325, onde hoje está localizada a Cidade do México.
Como a águia, o cacto e a cobra se tornaram emblemas e sobreviveram durante a conquista da Europa é o foco da nova exposição. “Um brasão, um emblema, um símbolo de identidade” estará em cartaz até 15 de dezembro na Antiga Prefeitura, no centro da Cidade do México.
A exposição está entre os eventos organizados pelo governo para marcar o 700º aniversário da fundação da capital do México.
“Conhecer Tenochtitlan não significa recordar um passado morto; pelo contrário, significa recordar o batimento cardíaco vivo que ainda bate sob a nossa cidade”, disse a Presidente Claudia Sheinbaum numa cerimónia oficial em Julho. “Era o centro do mundo indígena, construindo seu próprio modelo de civilização que estava em harmonia com a terra, as estrelas e seus deuses e deusas.”
Fragmentos desta civilização jazem sob a Antiga Prefeitura, atual sede do governo da Cidade do México.
Construído em 1522 por ordem do conquistador espanhol Hernán Cortés, pedras de antigos santuários mexicanos foram utilizadas na construção do edifício. O edifício foi renovado ao longo do tempo, mas os seus salões testemunharam séculos de domínio e simbolismo.
“Organizar a exposição nesta Prefeitura, lugar de decisões e memória, é uma forma de reconhecer a história daqueles que ali viveram e como suas transformações ainda ressoam na identidade da Cidade do México”, disse Mariana Gómez Godoy, Diretora do Patrimônio Cultural da Cidade do México, durante a abertura da exposição em novembro.
Depois que Tenochtitlan caiu nas mãos dos europeus, os mexicanos registraram suas próprias histórias. Vários códices descrevem o caminho que os levou a cumprir seus deveres como deuses.
Eduardo Matos Moctezuma, um proeminente arqueólogo do Instituto Nacional de Antropologia e História do México, argumentou que a lenda é uma recontagem simbólica de eventos históricos, em vez de uma afirmação literal sobre a profecia divina.
Ainda assim, o povo pré-hispânico da região preservou a história de origem de uma longa jornada que levou à fundação de Tenochtitlan como pedra angular de suas tradições, segundo o Museu Templo Mayor.
Eles homenagearam uma pequena ilha no Lago Texcoco, hoje centro da Cidade do México, como o local onde os mexicanos encontraram a águia predita por Huitzilopochtli.
A nova exposição oferece uma visão histórica de como a imagem se desenvolveu, desde a sua fundação como brasão da cidade em 1523, durante o reinado do imperador Carlos V, até a sua evolução para o emblema do México como nação independente.
Com curadoria da pesquisadora Guadalupe Lozada, a exposição também traz imagens que mostram como foi adotada por seitas religiosas encarregadas de converter indígenas ao catolicismo.
Enquanto a águia e o cacto foram adotados pelos europeus em meados do século XVI, os jesuítas introduziram a serpente décadas depois. “A partir de então, continuará a ser um símbolo da identidade da cidade e isso se espalhará pelo resto da Nova Espanha”, disse Lozada.
Segundo ele, numerosos mosteiros que datam do século XVII comprovam como os monges exibiam águias e cactos nos seus santuários. Ainda hoje o emblema pode ser visto na fachada da catedral da Cidade do México e no interior de uma de suas capelas.
“O poder da cultura mexicana era tão forte que os evangelistas procuraram abraçá-la em vez de excluí-la”, disse ele. “Era como dizer: ‘Eu aceito sua história’”.
A mesma lógica se aplica aos conquistadores europeus. Embora tenham ordenado a destruição de complexos religiosos no México, a representação do mito básico não foi apagada da história.
“Para eles, conquistar uma cidade como Tenochtitlan era uma questão de orgulho e, portanto, nunca consideraram negar a sua existência”, disse Lozada. “Isso significava que o poder da cidade, enterrado sob a nova, estava abaixo dela e ressurgiu como se nunca tivesse sido destruído.”
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